terça-feira, 4 de outubro de 2011

Casa 1

Um acontecimento simples que foi seguido de mais complexos, me complexando também, por simplesmente acontecer. Foi em um sábado provavelmente, um sábado, se sábado, um tanto diferente, meio nublado com ar de domingo, talvez até domingo pensando melhor! Saímos cedo, pelo menos pra minha família, que era pequenina, formada pela minha mãe, minha tia e por mim, pelo menos naquele tempo, pois hoje conseguiu ficar menor do que já era. Fomos almoçar, em um restaurante um tanto quanto normal, e depois de nós satisfazer, fomos ao lago municipal. Já descansados depois de um bom almoço, e surpresos, com esse dia muito incomum, pois ultimamente tinha sido rotina nossa vida, eu pra escola, minha tia com o café matinal, minha mãe com o nada de sempre, mais sempre sendo tudo, que vez ou outra arrumava algo pra fazer, ou se empenhava em projetos obviamente falhos e desnecessários, mais penso que ela podia se dar a esse luxo, ou pelo menos pensava até certo tempo atrás, minha tia logo depois do seu café matinal já se colocava a limpeza de casa que fazia sempre, e se negava a receber ajuda, tanto na limpeza quanto na cozinha, que também ficava por sua conta. Eu logo depois da escola, que era de manhã, chegava sedento pelo almoço, que fora nos dias raramente incomuns era na minha própria casa, depois me colocava a frente do computador, e satisfazia meu vicio adolescente por jogos on-line, que também ocupava minha cabeça quando estava na escola, ou quando minha mãe me tirava forçado do computador, com aquela voz ameaçadora que eu ouvia no tempo que eu ainda a ouvia. Eu era mais novo, e sem muita presença significativa no andamento da família, mais em dias incomuns eu era o centro das atenções por ser um pré-adolescente, sempre muito educado, e ocupado com o pensamento em meu vicio, nem incomodava como os outro, ficava imaginando como daria andamento a minha vida paralela, jogando aquele pedacinho, tão curtinho, da minha vida "fora", e coloca aspas pois era tão bom jogar fora daquele jeito, que se pudesse me viciar outra vez, faria sem duvidas. E depois de todos esse detalhes, volto a falar desse dia incomum, onde eu era o centro das atenções e minhas vontades eram se possíveis atendidas. Pedi um sorvete, e fomos ao centro da cidade, entramos na sorveteria, e lá ficamos por um bom tempo conversando tudo o que tínhamos pra conversar, pois normalmente não fazíamos, nem ousávamos nos agradecer e cumprimentar, não por esquisitice ou por medo, mais por "normalidade" mesmo. E aquele dia cinza lá fora com cara de chuvoso, mal humorado o dia, e nós dentro da sorveteria. Já tinha se passado algumas horas após nosso almoço, e alguns muitos minutos de nosso sorvete, ficamos na praça, sentados, respirando um ar puro, todos com roupas muito casuais, sem qualquer compromisso com a moda, sem qualquer superficialidade, e todos de bom grado, sem que isso estivesse atrapalhando a vida de qualquer um. Vimos o pessoal da igreja entrar pra missa, e até fizemos sem malicia nenhuma uma piada sobre entrar na igreja também, o que tornaria aquele dia muito mais incomum do que já estava, pois sempre ameaçávamos ir na igreja, mais nunca iamos, e todos depois da piada sentiram um pequeno mal estar por não cumprir essas promessas. Nos sentimos em falta com Deus, mas tudo bem, já aviam entrado e deixamos esse assunto de igreja morrer, substituindo ele pelos comentários da festa de tradições nordestinas que estava acontecendo na nossa cidade - comentários muito maldosos e desnecessários por sinal - e depois resolvemos comer uma pipoca, nos aproximando do carrinho de pipoca, que um senhor de rosto muito indiferente, não era um velho rabugento, nem um velho divertido, e também não deveria ser, pois seu trabalho era só vender a pipoca e nada mais. Consumimos bastante e a noite quase caia sobre nossas cabeças, em um crepúsculo estranho, pela cinzeza do dia em questão, e decidimos juntos que devíamos voltar pra casa e também combinamos de fazer isso pelo menos uma vez por mês, pois a satisfação da tarde brilhava na cara de toda a minha família, e depois dessas futuras falhas promessas voltamos a nossa casa, com a minha mãe dirigindo calmamente, o que também era muito incomum. Perto de chegar a minha casa, vimos uma coisa muito estranha! Nosso portão estava aberto, e apartir desse momento as coisas incomuns desse dia acabaram. Minha mãe dirigiu normalmente acelerado, e descemos todos com muita agilidade do carro, igualmente as vezes que chegávamos do mercado, depois de passar horas obrigatoriamente juntos. Eu mais rápido que elas, corri para dentro de casa, desesperado para saber o que havia acontecido, porém, elas, devido aos incidentes recentes em nosso bairro já tinham deduzido o que acontecerá. Minha mãe gritou, e me disse pra parar e voltar, com aquele mesmo tom de voz ameaçador, e eu parei, pois travo ao ouvir qualquer grito, trauma que levo até hoje. Ela se dirigiu a porta de entrada, que para a surpresa de ninguém estava estourada, coisa que eu mesmo vi de longe, do meio do quintal onde eu estava parado, ansioso, para poder correr e ver. Ela entrou vagarosamente e ligou a luz de fora e da cozinha! Minha tia veio entrando calmamente, mais tão nervosa quanto todos nós! Destravei-me, e fui atrás da minha mãe que ainda tinha o corpo dentro e fora da casa, entrando ainda vagarosamente após acender a luz. Eu passei pela minha mãe e fui velozmente para o quarto, e tive uma grande decepção! Me roubaram, nós roubaram e roubaram tantas coisas, uma lista muito grande de porcentagens roubadas. Roubaram uma televisão, uma maquina fotográfica, segurança, sono, confiança, coragem, entre varias outras poucas coisas de coisas tão importante pra mim que nem todas as televisões e nem todas as maquinas fotográficas do mundo substituiriam o que me haviam roubado. Minha mãe já vivida, e traumatizada por vários outros fatos, entrou logo atrás de mim e se assustou, mas logo se aquietou, como se já soubesse que isso mais cedo ou mais tarde fosse acontecer. E aconteceu mais tarde também, outras vezes, mais isso eu conto outro vez!

Nenhum comentário:

Postar um comentário