segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Sonhador

Quando criança, eu sonhava. Sonhava qualquer coisa. Sonhava o que queria ser, queria ter, queria poder. Era bom poder sonhar, sem precisar, pois agora que tanto preciso, não consigo nem me imaginar sonhando. Perdi a capacidade de acreditar no impossível, e o impossível desacreditou de mim. Quando perdi a capacidade de sonhar, me limitei, abaixei a linha, e descobri que de um lado dela existia o real, e do outro lado, também. Fiquei assim, sem expressão. Sei onde posso chegar, e se não chegar, aceito, por que entendo que o "não" acontece. Sonhei, e hoje não sonho mais. Hoje já tenho pensado o amanha, e amanha já terei pensado o depois, e quando ocorrer as desventuras da vida, eu repenso tudo, como se fosse um jogo, um jogo enjoativo. Depois de não mais sonhar, perdi os sonhos que já tinha, pois não havia espaço para um sonhador e para o que sou agora. O que sou agora, inveja e odeio o que era antes. Inveja por não ter a capacidade de sonhar e odeia por não ter escolhido o caminho certo, para se tornar o que eu queria ser.

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