terça-feira, 14 de maio de 2013

Na minha idade.




Estou definitivamente passando por uma crise de identidade. O que anda me incomodando arduamente é a minha idade. Estou velho demais pra certas coisas, estou velho de mais para mais do mesmo, estou cansado de mais para a essa altura me manter egoísta.
A minha fuga então será o desconforto de me forjar, voltar a ser o sociopata impiedoso de treze, quatorze anos de idade, o qual já fui com tão bom gosto e também deixei de ser com o mesmo desconforto que sinto agora após ser socializado pelos animais ariscos dos quais quase toda a minha curta vida tive medo.
Talvez a minha fúria verbal, minhas respostas para "o tudo", minhas intolerâncias ágeis amenizassem os horrores, o medo de não me espantar e o medo das pessoas em me espantar forjava uma convenção elegante, onde qualquer deslize acarretaria, como dizem os nativos,
em dolorosas facadas.
Estou pronto para deixar de lado toda conveniência, humanidade, afetuosidade, simpatia, piedade e tolerância que vez ou outra é, audaciosamente, confundido com falsidade e se falsidade for, que seja, deixarei de lado a falsidade, para o bem dos falsos moralistas e conservadores, se é isso que querem agradarei a todos. Devolverei para os senhores feudais o alimento colhido de terras profundas, por um servo demasiado humilde com problemas patológicos. Aceitarei então minha condição humana de julgar a falta de senso, aceitarei também, por mais tarde que possa parecer essa aceitação, que as pessoas realmente não tem senso e que principalmente aceitarei ser uma pessoa.
Voltarei para as bibocas brincar de amarelinha, pega-pega, suicídio, homicidio, genocídio, esconde-esconde, voltarei para tentar matar apenas a saudade que as pessoas sentem da minha juventude deturbada, voltarei a dar as mãos para os riscos em hoje nem suponho estar, voltarei para sua estante, voltarei para baixo do seu braço, voltarei para dentro da sua cabeça, voltarei para debaixo dos caracóis e das manchas de nascença, me internarei em seu hospital e culparei a ti, e somente a ti em caso de infecção, serei então seu parasita e acordarei.
Os meus delírios juvenis custarão o que eles sempre custam, as consequências dolorosas e fisicamente insuportavéis na pessoa que sou quando estou tracado no banheiro, ou preso atrás de um livro.

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