quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Osteoporose.



Após uma noite de sonos tranquilos em seu colchão mofado, Gregor Samsa acorda com a mesma osteoporose cotidiana, Gregor havia nascido com osteoporose. Se dispõe a mais um dia de vida cotidiana, sem maiores problemas, para o mesmo trabalho, pelos mesmos motivos. Logo ao terminar seus ritos macabros de higienização, ele como de costume se dirigi a mesa da sala para saborear seu café da manhã.
Gregor entra na sala silencioso, esperando ouvir como de costume a conversa de sua família que sempre tinha muito a reclamar da vida, contudo, nesse dia, anormalmente eles não estavam lá, à mesa havia apenas uma bandeja de prata, onde estaria seu café, provavelmente. Gregor não relutou em sentar a mesa, em seu lugar próprio, que ficava defronte ao lugar de sua irmã, e também a uma janela que guardava uma paisagem normalmente acinzentada pela sujeira dos vidros, mas que ele nunca conseguira contemplar devido a enorme cabeça de sua irmã. Solitário Gregor decidiu orar e agradece a Deus o alimento, coisa que seu pai desde pequeno o ensinara a fazer, ao movimento de baixar a cabeça Gregor pode ver um uniforme de emprega jogado ao canto do cômodo e pensou em como a empregada da casa andava cada vez mais desleixada, mais sem interromper o movimento se colocou a orar.
Ao levantar a cabeça ele já pretendia levantar a bandeja e ver o que sua empregada desleixada havia preparado essa manha, porém teve a infelicidade de olhar novamente para o uniforme jogado ao canto do cômodo e ao fixar o olhar por alguns segundos no uniforme, movido por sua indignação, pode ver então um barata sair correndo debaixo do uniforme, sem rumo, atordoada como as baratas costumam ser.
Gregor ao levantar-se assustado com o inseto repugnante, esbarrou sobre a cadeira da mãe que ao final acabava por empurrar a cadeira do pai por empurrar a cadeira da irmã. Havia em cada assento um inseto, e cada um deles agora tão estagnado quanto a face de Gregor que agora só podia sentir mais repugnância, nojo tamanho que jamais sentira em toda a sua vida. Ele então movido pelo ódio e pela coragem, quase que simultaneamente acertou os insetos com seu sapato, inclusive o que sairá de baixo do uniforme da empregada. O barulho que fizera os insetos ao serem prensados sobre a cadeira e o sapato fez com que ele desejasse sair de casa o mais rápido possível, e após trocar de roupa quase que para uma emergência, passou pela sala, pegou a maça que se escondia embaixo da bandeja de prata, deu uma única mordida, voltou a coloca-la na bandeja e saiu as pressas para o cenário cinzento que o aguardava para fora da janela. Gregor ao cruzar a porta, em meio a pulsão de nojo e de pressa para chegar ao seu trabalho, para o qual já estava atrasado, só conseguiu pensar em uma coisa.- Essas malditas baratas de novo?!

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