segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Promessa.



Há fragilidade! E só buscando em mim o mais frágil poderia dizer. Dizer aquilo que a muito não digo. Dizer o que sete segundos não percebem. Dizer aquilo que não acredito. Dizer aquilo que os dez não leem. Dizer o que mil não veem. Mas há em mim a necessidade de dizer, de propiciar algo impercebível, de me permitir a ferida, de me deliciar com a angustia. Ó pobre de mim, ninguém jamais saberá. Ninguém saberá que o gato negro cruzou a porta de vidro, mesmo com suas grades, ninguém saberá que novamente ele cruzou. E o gato branco de dentro saiu. Ninguém jamais saberá.

Esperei, e somente haviam abraços, somente haviam risos. Minha infelicidade me obrigada a dizer que sou feliz, em águas claras e panos brancos, minha felicidade me obriga. Obrigado felicidade.

Nem buda, nem maça, nem globo, nem lata.. nem nada. Nem bolsa, nem maço, nem elefante, nem unicórnio.. nem nada, Nem limão, nem palito, nem madeira, nem cabeça.. nem nada. Nem chinelo, nem luz, nem liquido, nem espelho.. nem nada.  Nem fumo, nem fumaça, nem álcool.. nada. Me convencer tornou-se mais difícil do que eu imaginei, ignorar tornou-se impraticável e a indiferença me tornou o que sou, incapaz de diferir. Tudo é um lamento, em todos sou eu a cama, me despedindo.

E aviso, só termino por desafio, por ser capaz de dizer que algo terminei. Tão raso, tão si próprio que finjo não me ser. Tão embriagado quanto as ocasiões que me restaram, solitário quanto toda a companhia que ofereço.

São primeiras palavras minhas, o amadurecimento da podridão de uma fruta caída, o outono do inverno, o fim do final, ser-si-próprio em ser-si-mesmo. Mas garanto, poucos momentos me iluminaram tanto assim, tão poucas metáforas a contra gosto me deixaram tão claro. Estou sendo branco, estou sendo limpo, não há mais ninguém por quem deva me acizentar.. olhos importantes já não tocam meu cabelo, nem meu rosto.

Se lutar, não direi.
Estou tentando suicidar em mim esses momentos, essas palavras, mas luto, luto. É minha fenix, é meu renascer a cada poço, é aquilo que mais me fere e ainda assim mais me eleva. Só em novas cinzas sou capaz de ser o melhor de mim. Mas me esvaio em autodefesa, questão de sobrevivência.

Matei deuses e os revivi. Pari pessoas e as matei. Tudo isso me trouxe até aqui, estalos em um genocídio, dizeres em poucos momentos, palavras certeiras a frente do espelho. Só isso. É só isso.

Há fragilidade, e muito a dizer, mas findo a capacidade de depreciar algo afim de construir algo que faça em mim surgir sensações exatas ao meu sofrimento, o meu prazer será a sofrência ingrata da criação, Só permito então ceifar a mim próprio em pró de um novo ciclo, me permito ser eu, perigosamente mais uma vez, uma adição negativa, que desta vez fará diferença. Eu prometo, eu prometo.
  

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