sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quem fica?

 

  Na sua bagagem um pedaço de nossa vida, em nós um pouco da sua pele. Na hora da partida o desencontro mais fértil, o verdadeiro amor surgiu com a ida.
    Mas supera ainda a expectativa, uma palavra que ainda não existe da significado a ânsia de te encontrar, novamente? Um dia, um dia sequer, já nos vimos?
    Era espreita! Na procura de dois encontrava-se a vida procurando. A saudade que mais se assemelha a vontade revela o não consumido, dentro de ti estava a nós que nós queríamos, perder foi o que trouxe a possibilidade de ter, o vento que passa ao lado da no seco da alma a razão de querer a brisa fugida.
    Leve mais, leve demais que chega a nos enfincar no subsolo da existência, o adeus que tão breve chega a durar para sempre,  a verdade piloto que nos guia para um infinito além, para além dos além-mundos, um piloto que nos deixa aqui, para sempre, para nunca mais.
    O que queríamos dizer ficou como não dito, palavras poucas que agora dizer-se-ão para dentro, para o profundo inaudível, o único lugar que você ainda habita. Um conjunto de memórias não vividas, um montante de paradoxos e analogias feitas e não feitas, a partida termina em nós tudo o que ela mesmo criou, fez do seu próprio fim também o fim do você que havia em nós. O que agora resta é fuligem da combustão conceitual, o carvão que se obtém quando se queima as melhores possibilidades. O diamante negro que não intencionalmente se assemelha a maldade.
    O mais duro e difícil de se aceitar é que não tenha nos dito a que momento marcou-se dentro de ti a data, talvez tão rápida quanto barata o preço para se ficar. E o que resta ainda que eu deva dizer sem pressa, em toda essa despedida, mal feita e deprimida, nós é quem seguimos para o fundo e você ficou para trás.

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