terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Quem não tem medo de ser feliz?



A felicidade que talvez não cale, toda vontade que talvez desague no rio do fim de mim.
 Todo fato de desacato do afeto falho que nos faz retalho, todo luto que nos faz viver ainda mais.
 E quanto a toda graça, prévia da desgraça, desgraça prévia de um futuro riso.
 Tão pouca falta de fato que de perto revela espaço, folga sem embaraço, um pouco vazio do outro em si.
 Mas quem é que nunca foi feliz. De nós dois só quem não nos era, de nós só quem já não somos mais.
 Um fardo que nos carrega, que nos eleva e solta em  queda livre, sem correntes, sem para-quedas, sem parar a queda, sem quedas para parar.
 Louca limpeza, saudável tristeza, o mais ralo pulsar.
 E como dizer que da própria infecção que tornas-te curar-se-á com sua morte, quando o que adoenta é minha própria história, quando se encuba no meu futuro e neblina minha vida.
 Só não se pragueja a maldição, que dita redobra, que em silêncio consome e que cega revela. Ah a paixão!
 E tendo dito isso que ninguém sabe, quem não tem medo de ser feliz? 

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