terça-feira, 5 de março de 2013

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Então eu acordo e não te vejo, volto a dormir e também não te encontro em meus sonhos. Fui então ao médico e ele me disse que você também não estava em mim, perguntei se havia te visto em outros, ele me disse que não. Olhei pro céu e nada, olhei pro mar e nada, andei por toda a terra e não te encontrei, pensei até supor que havia se escondido, mais não sabia se isso era do seu feitio, não sabia do que era capaz, suposições já me despertavam insegurança acerca de qualquer atitude.
 Fui a casa de penhora para garantir que não havia te deixado lá e não tinha, fui no mercado mais você  não estava  a fazer compras nem estava a venda, lembrei-me, você não tinha preço. Olhei as câmeras do prédio, do aeroporto, da rodoviária, algumas vezes cheguei a imaginar que te reconheci, mais era só o acaso, você não chegará a cruzar as fronteiras.
 Depois de muito procurar no presente resolvi partir pro passado, fui de ano em ano, dia em dia, hora em hora, minuto a minuto, mais só me restou tudo em que você não estava. Meu passado não estava mais lá. Quem roubaria meu passado? Por que me roubariam qualquer coisa? Me tiraram você em qualquer que fosse o tempo, você não estava , não está e não estará , você não é, foi, será.  Em ousadia e coragem fui procurar nos abismos, era desespero a busca, senti que não estaria lá, fui para os impossíveis, perdoei para que voltasse, entrei onde não acreditava, visitei mundos extraordinários, mundos fantásticos, mundos tediosos.
A minha estranheza aumentava a medida em que os lugares iam se esgotando, naveguei entre os sentimentos, voei pelas virtudes, caminhei sobre luz solar, folheei cada livro, mais você não estava em lugar nenhum, tive então uma brilhante ideia, fui te procurar em lugar, depois em nenhum, mais ainda nada. Você só poderia ter morrido! Decidi que morreu, mais logo em seguida pensei que talvez você pudesse nem ter nascido, ou talvez até ter nascido mas jamais vivido.
 Esperançoso te procurei na existência e haviam apenas ameaças, na porta da inexistência consegui ver lá dentro minhas memórias, mais era perigoso, a inexistência não tinha saída. Depois da inexistência minhas resistências haviam cedido, não sabia mais onde poderia estar, só me sobrará um lugar, eram as ultimas forças, fui procurar na procura, você então estava lá, em todo lugar da procura você se encontrava.

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