quarta-feira, 6 de março de 2013

Melodia



Como se fosse uma melodia a vida vai passando, sincronizada com o tempo, vai acabando, vai tendo gritos,  espasmos, suspiros. A vida tem alma dançante, instinto carente, a vida sapateia por entre as chamas. O tempo vai ditando quando e onde, o tempo vai escondendo o amanha e o ontem, o tempo vai vivendo, vai também matando. A vida se da com a dor e termina com ela, começa com choro e termina em silencio, sem aplausos. Para o espetáculo que a vida dá na maioria das vezes não tem platéia e nem palco, quem vive mesmo não entra em teatro ou paga pra ver o circo, quem vive faz de si um espetáculo para si. Mais para viver não basta o pulsar. O tempo de companheiro não passa, nos segue e volta para sua casa quando encontramos a nossa. O tempo sopra as cores, derruba as chuvas, enfia as facas e entrega as flores. O tempo cheira a fruta, qualquer fruta que se coma na infância guarda o cheiro do tempo. Meu tempo tem cheiro de pera  minha vida tem sabor de pão francês, a minha máquina do tempo é um balanço pendurado em árvore, a vida me lembra a fogueira junina, em pele o tempo é áspero e a vida escorre entre os dedos, quando tocada. Eu olhei pro tempo e lá vi vida, vi vidas, em ciranda, mas tenho medo de olhar pra vida e perceber que ela já não tem mais tempo, descobrir que ela é egoísta e não da mais tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário