terça-feira, 23 de fevereiro de 2021



Beirei teu amor como sempre, como quase. E até da tua dor meu silêncio fez parte.

E de quando em quando, sempre quando, o quanto fazia alarde. Mas era tarde, o quanto queria a semente era ganância de ambas as partes. Eu não sabia o caminho da tua porta e da minha tu só sabia o de volta, até não mais saber, até não mais querer.

A beira profunda de mim que dizia, da margem ruim que fazia, do fundo falso, do cofre oculto, qual era mesmo o nome? Qual era mesmo a idade? Acho que nenhum sabia. Eu não, ao menos. Nem mesmo saber se sabia.

Espreitação espionária. Quando você viria. Quando você iria. Festim do papel a conta gotas que eu recebia. O seu, o meu papel, talvez até dos outros. Mas quem saberia? Quem?

A jovem e a velha vítimas, a terra sagrada, a promessa, o pronome e a dívida, vacas, milho e urubus, a masmorra, legado e pó. Fragmento da vida que isola não pela distância, pela esmola. Força que sustenta não pela substância, mas pela ausência. De que?

Combinado era que qualquer coisa bastasse, que o mínimo fosse o que qualquer um aceitasse, que dispensasse colagem póstuma e que findasse com o respiro, porém agora sobra em mim e você falta. Não era?

Pudera fosse qualquer coisa que podia, eu nunca ousei sonhar, nem esperar, pudera termos o que tínhamos, eu não sabia usar. Poderia?

O oco e o ócio dos nós, a metade do nada, o ato sem consequência e também consequência sem fato, sempre foi essa lacuna até eu entender que da lacuna era esse espaço.

Nunca temi o desconhecido, temia desconhecer.  No dia duas quadras você, seus filhos, seu filho. No enterro a mais passos você, seus filhos, seu filho. Na cova a mais terra você, seus filhos, seu filho. Agora sempre a beira e o nada entre o nada de sempre. 

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