quinta-feira, 16 de junho de 2016

Somente o necessário.



Geralmente pensa-se que as pessoas que tentam compreender o mundo tornam-se apáticas a ele, mas acho que na verdade as que o tentam compreender tem nisso o melhor de si. São pessoas cuidadosas que veem o mundo como um guarda-roupas, onde alguns são peças novas e não deve-se usar roupas novas constantemente, alguns são pijama velho para a hora de dormir, tem a camisa pra qualquer ocasião, tem o sapato que te leva em qualquer lugar, tem os cabides, tem as gravatas apertadas, tem o sutiã (amigo do peito), temos aquela meia furada que sempre serve, tem roupa pra doação, e tem roupa que não serve nem pra doar, tem as traças, as aranhas, o mofo, o bolor, a fedentina, a umidade, e para isso a naftalina, as vezes tem etiqueta, tem gaveta rasa, tem gaveta funda, algumas coisas organizadas por tamanho, outras por cores, outras em uma bagunça memorável que torna tudo bem arrumado, tem perfume, tem calça curta, tem pano pra manga, tem manga que não da em pé, longa e curta, tem as cuecas brancas que não devem causar graça (cuecas nunca o devem), tem sempre um caixa com algo importante, tem nossa identidade, se for grande pode haver grandes malas vazias, se for pequeno pode dar a impressão de fartura.
As pessoas que tentam compreender o mundo só estão preocupadas em ter exatamente aquilo que se deve ter, tomando muito cuidado pra não jogar nada valioso fora, evitando comprar em excesso e mantendo só o necessário.  

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